Diante de uma crise humanitária e econômica como a que estamos vivendo, podemos perceber que nossas características mais primitivas se destacam, não é?
E não estamos falando apenas da compra exagerada de papel higiênico ou de alimentos enlatados. Nosso instinto por sobrevivência vem à tona também na nossa forma de trabalhar ou de liderar uma equipe, por exemplo.
Não por acaso, uma das palavras do momento é “resiliência”, uma característica essencial para a sobrevivência e sobre a qual muito falamos, mas sobre a qual muitas vezes não entendemos o exato significado.
Neste artigo, vamos explicar melhor esse termo e também explorar porque ele se tornou ainda mais relevante para os dias em que estamos. Confira!
A resiliência nunca foi tão necessária
O termo resiliência vem do latim (resiliens) e significa voltar ao estado normal, particularmente depois de alguma situação extraordinária e crítica.
Se olharmos do ponto de vista da física, essa é a característica de determinado material voltar à sua condição natural mesmo depois de aplicada determinada força ou pressão sobre ele.
Então, falar que alguém é resiliente, nada mais é do que dizer que essa pessoa possui uma capacidade de lidar com grandes desafios e de se adaptar ou de se desenvolver a partir deles, sem grandes impactos à sua natureza pessoal.
Algo fundamental para o mundo VUCA em que vivemos (mesmo antes da pandemia), caracterizado pelas características de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.
E, é claro, se estamos em um cenário marcado por grandes pressões como o de agora, a resiliência se tornou ainda mais importante para a sobrevivência. Essa característica, nos últimos meses, vem sendo fortemente exigida de indivíduos, de empresas e até de nações para lidar com todos os desafios impostos.
Muito importante ressaltar, portanto, que não são apenas as pessoas que precisam ser resilientes, mas também as organizações.
Se uma empresa tem baixa flexibilidade, cultura engessada e tomada de decisão lenta, por exemplo, sua resiliência é baixa para se adaptar a tudo que estamos vivendo. Por isso, é preciso que ela também desenvolva essa característica!
É graças a esta capacidade de adaptação e desenvolvimento que podemos:
- Tomar decisões rapidamente;
- Extrair o melhor de cada pessoa em um contexto de colaboração;
- Inovar com segurança;
- Planejar com olhar no médio e no longo prazo.
Os 3 níveis da resiliência corporativa
Uma organização resiliente é também aquela que permite aos seus colaboradores desenvolverem essa capacidade de forma mais natural.
Por isso, trazemos três níveis importantes para a chamada resiliência corporativa, qualidade das empresas que conseguem se recuperar de determinado acontecimento em seu ecossistema – não apenas uma grande crise global como a que vivemos agora.
Essa capacidade geralmente entra em campo quando é preciso lidar com algo que está fora do controle da gestão, exigindo adaptações do modelo de negócio, definição de novas estratégias ou mudança de cultura, por exemplo.
E esses três caminhos para a resiliência, é importante ressaltar, não devem ser tratados de forma independente, mas avaliados em conjunto para que sejam alcançados os melhores resultados para o futuro de uma organização.
1. Capacidade reativa
A capacidade reativa é o nível mais básico de resiliência corporativa, que corresponde a captar determinados sinais e agir em resposta a eles.
Falando especificamente do novo coronavírus, essa capacidade correspondeu, por exemplo, à criação dos comitês e ao monitoramento de informações para acompanhar a evolução da pandemia pelo mundo e prever eventuais impactos ao negócio.
Olhar para esses sinais, interpretá-los e tomar as primeiras atitudes parece simples para pequenas empresas, mas em grandes corporações pode ser um grande desafio.
2. Capacidade absortiva
Já na capacidade absortiva, avaliamos a capacidade das organizações de absorverem os impactos de determinado acontecimento.
Diante dos últimos fatos, isso significou, por exemplo, o corte de recursos excedentes, de forma a responder às consequências dessa situação crítica. Aqui, novamente, diferentes perfis de empresas são afetadas de forma diversa.
Enquanto as grandes companhias possuem alto excedente para eliminar sem grandes riscos, pequenas e médias sofrem um impacto maior no caixa, já bastante otimizado.
3. Capacidade adaptativa
Quando chegamos na capacidade adaptativa, estamos falando de alterações significativas na estrutura e na cultura da organização para se adaptar às turbulências do seu ecossistema.
Esse nível de resiliência pede equilíbrio entre habilidades de gestão e de inovação e depende fortemente do capital intelectual de uma empresa.
Nesta crise, podemos enquadrar aqui as adaptações que envolvem mudanças do escritório físico para o home office de maneira permanente, a adoção de novos sistemas tecnológicos e até o lançamento de novos produtos ou serviços.
Confira também: [Webinar] Os grandes desafios em prospectar e vender em tempos de “home office”
Como você pode ser uma liderança resiliente?
Os três caminhos para a resiliência corporativa são uma ótima ferramenta para entender o quanto uma organização está evoluída ou não nesta capacidade. Mas também pode servir para uma autoavaliação da sua liderança e da sua atuação profissional dentro dela.
O quanto você tem sido capaz de reagir, de absorver as consequências da crise e de se adaptar a elas?
Provavelmente, você tem desenvolvido ações nesses três níveis. Afinal, resiliência é uma característica que todos temos em algum grau, um instinto primitivo que nos ajudou a sobreviver ao longo de milhares de anos no planeta.
Mas, precisamos mais do que sobreviver. Precisamos liderar mudanças neste momento de crise.
Por isso, ajuda muito o seu time e a sua organização que você, como líder, desenvolva ainda mais seus comportamentos ligados à resiliência.
Quer saber como? Abaixo, falamos sobre cinco comportamentos que você pode começar a aplicar o quanto antes:
1. Manter-se informado sobre o momento, mas não em excesso
Se você precisa interpretar sinais para reagir, não é possível ser um líder resiliente sem acompanhar o que está acontecendo.
É necessário saber quais foram os últimos acontecimentos no país e no mundo, atualizar-se em relação à situação política e econômica (e seus impactos em seu ecossistema) e descobrir tendências para a sua área de atuação.
Porém, muito cuidado!
Ao mesmo tempo que vivemos uma pandemia de Covid-19, existe também uma infodemia – uma pandemia de informações, tanto verdadeiras quanto falsas. Esse excesso de informações pode ter um impacto mais negativo do que positivo para a sua gestão, aumentando a ansiedade e tirando o foco do que é realmente importante saber.
2. Cuidar da sua saúde mental e da de seus vendedores
Falamos em ansiedade, portanto não podemos deixar de falar de saúde mental. A crise e o isolamento social intensificaram e trouxeram novos desafios emocionais para a nossa rotina, que de forma alguma podemos ignorar.
Ansiedade, estresse e depressão interferem diretamente na motivação do time e, consequentemente, em sua capacidade de reagir a problemas, de lidar com desafios, de inovar e de criar novas soluções.
Como líder de vendas, é importante que você cuide não apenas dos desafios emocionais de seus vendedores, mas também da própria saúde mental durante essa quarentena.
3. Mais do que reagir, se adaptar
Com tanta coisa acontecendo, parece que entramos no piloto automático e apenas reagimos a cada novo desafio apresentado, não é?
Porém, como vimos, não basta apenas reagir ao que acontece, é preciso absorver os impactos e, principalmente, se adaptar a esse novo contexto.
Isso deve acontecer em várias esferas, desde a forma como faz a gestão do seu time à distância, até à maneira como a sua empresa agrega valor para um cliente também enfrentando essa crise.
4. Estabelecer metas e objetivos
Mesmo que os planejamentos tenham virado de ponta cabeça durante os últimos meses, é muito difícil manter-se resiliente sem um objetivo a ser alcançado.
Ainda que não seja um número definitivo a ser alcançado, você e sua equipe precisam de uma missão a ser cumprida. Olhar para frente irá ajudar a encontrar as melhores solução e efetivamente fazer uma adaptação para o futuro que se deseja construir.
5. Cooperar
Se estamos falando da resiliência como elemento para a sobrevivência, precisamos lembrar como nós, seres humanos, chegamos até aqui: cooperando.
Essa, sem dúvidas, é uma forma de desenvolver a resiliência pessoalmente ou dentro da organização.
Esta cooperação pode acontecer entre indivíduos do mesmo time ou até entre empresas do mesmo setor. Como exemplo, temos observado o quanto diferentes países têm colaborado no enfrentamento da crise, com doações, auxílio financeiro, entre outros.
Por que você e sua empresa não podem buscar soluções neste caminho também?
Adaptação e resistência para enfrentar o que está acontecendo e o que vem por aí!
Apesar de muitas cidades voltando à vida normal, já passamos por três meses de quarentena, com muitas consequências da pandemia ainda acontecendo ou sendo previstas para os próximos meses. Diante disso, não vemos outro caminho para o sucesso nesses tempos que vêm por aí sem contar com a resiliência.
Então, se você e sua empresa ainda têm muito que evoluir neste quesito, não perca tempo. Esta característica já era e será cada vez mais determinante para que possamos enfrentar grandes desafios, de forma também grandiosa!
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